terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

“Acho que 50% da culpa é da polícia”, diz mãe de Eloá

Após o julgamento que terminou com a condenação de 98 anos de Lindemberg Alves, pela morte de sua filha, Eloá Cristina, a mãe da jovem, Ana Cristina Pimentel, afirmou em entrevista coletiva, na tarde de ontem, na Capital, que a polícia teve “50% de culpa” no que aconteceu em outubro de 2008. Ela se disse satisfeita com a condenação, considerada justa. Em relação à responsabilidade da polícia, que só teria entrado no apartamento em Santo André, após mais de cem horas de negociação e cárcere privado, Ana Cristina disse que, apesar de Lindemberg ser o culpado, a polícia também errou. “Lindemberg é o culpado. Mas a polícia também errou porque me deu esperanças de que ela sairia viva. A polícia teve chances e não fez. Senti que minha filha sairia viva, mas não sei por qual motivo ou o que eles [polícia] acharam, não deu certo. Como as próprias imagens mostram, a polícia errou”, comentou a mãe de Eloá, que completou: “Acho que tem 50% da culpa”, disse em entrevista na Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp), na Zona Sul. Para a mãe de Eloá, a experiência no caso deve servir para que a polícia “não volte a errar” em situações semelhantes, e evitar decisões como a volta da jovem Nayara Rodrigues ao cativeiro. Ela acabou ferida por um disparo da arma de Lindemberg. “Que fique como experiência. A polícia tentou, mas errou e não conseguiu tirar minha filha de lá. Agora, a polícia tem de rever o que está fazendo.” Ana Cristina é contra pena de morte Durante a entrevista, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, fez várias críticas a Lindemberg Alves. Ela disse que o condenado teria mentido durante todo o seu depoimento, e que a única verdade que ele teria dito foi ter confessado que “atirou em Eloá”. Ana Cristina Pimentel disse ainda não acreditar no pedido de perdão de Lindemberg, e declarou que é contra a pena de morte no caso. “É algo muito difícil porque sou evangélica. Em mim não entra esse tipo de sentimento de morte. Acho que ele deve pagar pelo crime dele”, disse a mãe. Segundo ela, mesmo que o condenado deixe a prisão muito antes de cumprir parte da pena 98 anos, ele terá a sua punição. “Não espero muito da Justiça daqui, porque ela é falha”, dizendo que “confia em Deus”. Ana Cristina disse ainda não ter medo de Lindemberg, “mesmo que ele saia hoje da prisão”. “Ele pode até sair hoje, mas medo dele”, disse. E concluiu: “Mesmo assim, não quero nunca encontrá-lo”. Família tem ação contra o Estado Por acreditar que a polícia tem algum tipo de responsabilidade no crime que resultou na morte de Eloá Cristina, a família da jovem tem uma ação por danos morais e materiais contra o Estado. Segundo o advogado da família de Eloá, Ademar Gomes, o processo está correndo e o resultado deve demorar. Segundo ele, quando ações são movidas contra o Estado, “o processo é ainda mais moroso”. “O Estado foi negligente”, disse o advogado, que completou: “A polícia não tinha equipamento preparado para a escuta. A PM foi negligente. Em seu depoimento, o comandante da ação disse que eles ouviam o que se passava, dentro do apartamento, usando um copo. Não pode acontecer um cárcere, com cem horas, sem a intervenção da polícia”. Encontro emocionante durante entrevista Durante a sua 1ª entrevista após o julgamento de Lindemberg, a mãe de Eloá, Ana Cristina, teve a oportunidade de ficar em frente e até abraçar Emerson Gentil Dardis, 28 anos, que há três anos recebeu a doação de um rim e pâncreas da jovem. Além dele, outras quatro pessoas receberam doações de órgãos, após o assassinato de Eloá. “Acompanhei o caso, e como todos achava que ela iria sair bem de lá. Infelizmente, não foi isso que aconteceu, e espero que ele pague pelo que fez. De outro lado, fico feliz com a bondade da família, que salvou minha vida”, agradeceu. Segundo a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, essa foi uma das primeiras vezes que os dois puderam conversar. Ela se disse feliz. Apesar da brutalidade do crime, sua filha ajudou a salvar vidas, como a de Dardis, que passava por hemodiálise e estava afastado de suas funções de mecânico. “Fico muito feliz de saber que ganhei um filho”, disse.Fonte:Metro News

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