quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fazenda: se houver piora da crise, BC pode baixar juro

O Ministério da Fazenda vê espaço para o Banco Central (BC) agir com a redução dos juros, no caso de uma piora do cenário internacional. Segundo o boletim Economia Brasileira em Perspectiva, "se houver agravamento da crise global, o Banco Central do Brasil tem condições de agir com uma política monetária expansionista, em resposta a uma eventual desaceleração da economia".

A nova versão do boletim, divulgada hoje na versão em inglês, destaca também que o recente corte na Selic (taxa básica de juros) de 0,50 ponto porcentual foi uma decisão que levou em consideração problemas relacionados à desaceleração global. A avaliação feita pela Fazenda é de que "mesmo o Brasil não estando no centro da crise deste ano, ele não é totalmente isolado e pode sentir alguns dos efeitos da recessão". Mas destaca que o País tem suas próprias ferramentas para articular seus instrumentos de política econômica.

O ministério destaca a necessidade, neste contexto, de não aumentar os gastos. Por esta razão, esclarece, a disciplina fiscal foi fortalecida. "O Brasil está tomando todas as precauções possíveis a fim de evitar que a sua economia seja profundamente afetada por um eventual agravamento das condições da economia internacional". O documento destaca ainda que o objetivo é manter o País em seu caminho de desenvolvimento com menor dano possível ante a turbulência global.

Inflação

O documento prevê uma desaceleração da alta dos preços nos próximos meses e mantém a projeção estabelecida no último relatório de inflação do Banco Central de que o IPCA vai fechar 2011 em 5,8%, acima, portanto, do centro da meta de 4,5%, mas dentro da banda.

Neste contexto, o boletim destaca que a tendência é de queda de inflação na direção do centro da meta, de 4,5%, de 2012-2013.

O ministério da Fazenda prevê ainda uma desaceleração do ritmo de crescimento dos investimentos em infraestrutura em 2011. A estimativa é de que esses investimentos somem R$ 160 bilhões no ano, com alta de 9,2% em relação a 2010. No ano passado, a expansão dos investimentos em infraestrutura foi superior, de 11,6% ante o ano anterior.

PT aposta em novos nomes para disputa de 2012

O PT apostará em novatos e até em nomes oriundos do seu maior rival, o PSDB, para ampliar o comando das prefeituras do Estado de São Paulo em 2012. Nomes como o do economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para a disputa em Campinas (SP), e o do juiz aposentado João Gandini, em Ribeirão Preto (SP), são os trunfos no partido para grandes cidades paulistas. "Vamos ainda fazer filiações de algumas figuras públicas e até o PSDB vai perder prefeitos para nós", disse o presidente do partido em São Paulo, deputado estadual Edinho Silva, sem revelar nomes dos tucanos alvos do PT.

Com Pochmann e Gandini, o PT tenta ainda tirar o foco dos escândalos envolvendo figurões do partido nas duas cidades paulista. Campinas é governada pelo petista Demétrio Vilagra, que assumiu o cargo com a cassação do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (SP). Durante as investigações sobre as denúncias de corrupção no Executivo local, Vilagra, então vice-prefeito, chegou a ser preso.

"O Pochmann, além da capacidade demonstrada no governo federal, é um nome completamente distante (das denúncias) e é evidente que isso facilita enquanto a Justiça não demonstra que o PT não tem nada a ver com essas denúncias em Campinas", disse Silva. "É um nome que consegue enfrentar o debate e unir o PT", completou o presidente do PT paulista.

Retomada

Além da dificuldade para manter o comando em Campinas, o PT também pode enfrentar obstáculos para retomar a prefeitura de Ribeirão Preto. A cidade do interior paulista já foi governada por Antonio Palocci, duas vezes exonerado do cargo de ministro. E é comandada pela prefeita Dárcy Vera (DEM), candidata natural à reeleição. O deputado federal Duarte Nogueira, líder do PSDB na Câmara, também é virtual candidato à prefeitura da cidade. Como terceira via, o PT aposta na "herança" de Palocci e no ex-juiz Gandini. "Ele foi juiz que se destacou pelas questões sociais, uma das bandeiras do PT, e, por isso, é o candidato natural do partido", cravou Edinho.

Apesar do foco na ampliação do número de prefeituras, Edinho ainda não demonstrou publicamente disposição para encarar a briga pelo comando da cidade de Araraquara, governada por ele duas vezes. Para evitar a reeleição de Marcelo Barbieri (PMDB), o PT já tem como pré-candidata a vereadora Márcia Lia. Apesar de confidenciar a amigos o sonho de ser novamente prefeito, Edinho desconversa quando questionado se gostaria de voltar ao comando da cidade paulista. "A tendência é que não, mas vamos ver", resumiu.

Na próxima semana, a Executiva do PT paulista deve encerrar a avaliação de futuros filiados de peso para o partido, entre eles alguns tucanos, e assim estreitar a relação de nomes para a disputa em 2012.

Travestis somam 90% das vítimas de tráfico de pessoas

Durante a plenária para elaboração de propostas para o II Plano de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, realizada na manhã de ontem, na sede da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, no Pátio do Colégio, o Núcleo especializado ligado ao órgão divulgou um balanço de ações e resultados sobre o tema, em todo o ano de 2011.

Segundo o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, até agosto, foram 150 casos de tráfico de pessoas no Estado, 120 deles referentes à exploração sexual. Desses registros, cerca de 110 casos ou 90% do total envolvem travestis e transexuais, dos quais 10% deles são crianças e adolescentes.

De acordo com a coordenadora de Políticas para Diversidade Sexual da Secretaria, Deborah Malheiros, a maioria dos casos de tráfico de pessoas envolvendo travestis e transexuais são compostos por pessoas vindas do Norte, Nordeste e parte de Minas Gerais. Ao não serem aceitas pela família, procuram em São Paulo uma chance. Com o preconceito vivido para alugar uma casa, por exemplo, esses homossexuais se apoiam nas ‘cafetinas’, que emprestam dinheiro, alugam casas, mas em troca fazem extorsão com as vítimas, que mesmo assim não se aceitam como tal.

“O mais difícil é que essas pessoas aceitem que são vítimas e isso dificulta a identificação”, comentou Deborah.

Políticas públicas contra tráfico de travestis existem só há 2 anos

Os números divulgados ontem são superiores aos do ano passado, segundo a Secretaria da Justiça. Após a polícia desmantelar, em fevereiro, uma casa no Cambuci que abrigava 17 travestis paraenses, sendo sete crianças, a prevenção foi intensificada, fazendo com que os números fossem naturalmente majorados.

A Secretaria reconhece que os dados não correspondem à realidade, por conta da dificuldade de identificação dos casos e, também, segundo Deborah Malheiros, porque as políticas específicas para transexuais e homossexuais começaram há dois anos. “O número, com certeza, é maior e, às vezes, há dificuldade até do Poder Público de reconhecer o crime. Só há dois anos o Estado tem política específica para evitar o tráfico e garantir que essas pessoas tenham a possibilidade de ingressar no mercado e estarem incluídas”, disse, ressaltando a importância da Lei Estadual 10.948, que garante direitos dos homossexuais contra a homofobia.

Propostas seguem ao Ministério da Justiça

A plenária para elaboração de propostas para o II Plano de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, realizada na manhã de ontem, pela Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, reuniu conselhos regionais, representantes de consulados como o boliviano e canadense, além de organizações especializadas para discutir o tema.

O debate e a palavra foram abertos a todos os representantes, que, após serem ouvidos, participarão de outras reuniões junto ao Núcleo de Enfrentamento para montar dez propostas e questionamentos sobre o tema, que serão enviados ao Ministério da Justiça.

A ideia, que é feita simultaneamente em outros Estados, é que cada região apresente suas reivindicações e peculiaridades para integrar o plano nacional de diretrizes, que será aplicado em todo o País, para o combate ao tráfico de pessoas. “Nossa intenção é que a iniciativa pública, privada e entidades de classe discutam o tema e apontem aquilo que é mais importante. São Paulo, hoje, é a maior rota do tráfico de pessoas no País, seja como destino final, origem ou intermediário. Queremos colaborar e debater”, disse a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento, Juliana Armede.

Entre os pontos principais discutidos está a criação de um sistema único de dados em todo o Brasil sobre o tráfico de pessoas e um projeto de lei que tipifica o crime.

domingo, 11 de setembro de 2011

Skinhead é preso por morte de punk

O skinhead Guilherme Lozano Oliveira, de 20 anos, teve a prisão temporária pedida ontem pela Justiça depois de ser apontado pela Polícia Civil como o responsável pelas facadas que mataram o punk Johni Raoni Falcão Galanciak, no último sábado, na frente do Carioca Club, em Pinheiros, na zona oeste da capital, pouco antes do show da banda britânica Cock Sparrer. Oliveira diz que estava no local, mas negou que tenha matado Galanciak, seu "ex-amigo".

A polícia chegou até o skinhead de orientação neonazista, apelidado Guilherme 13 pelos colegas, após ouvir cerca de 20 pessoas que estavam no local da briga do último sábado. "Ele é um ex-punk que agora integrava um grupo neonazista. Já foi detido em outra oportunidade e consta dos cadastros da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi)", afirmou a delegada responsável pelo inquérito, Margarette Barreto.

No início do ano, ele se envolveu em uma briga com outros jovens em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo.

Oliveira traz na pele as contradições por ser agora um skinhead de orientação neonazista com passado punk. Ele tem tatuagens alusivas aos dois grupos, bem como um fuzil AK-47 desenhado na testa. "Ele admite que já participou de grupos que cultuam o nazismo", disse a delegada.

Outra contradição está no fato de já ter sido bastante próximo de Galanciak. "Ele fala que foi amigo da vítima, mas que estavam afastados porque um continuava a ser punk e o outro tinha procurado um novo grupo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.